quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Sobre estações



Apaixonei-me pelos ombros de alguém no metrô
Senti uma vontade infantil de deleitar-me sobre aqueles ombros tão ternos
Pudera eu encaixar minha cabeça naquela casa, afim de descansar tudo o que pesa
Eu lia Manoel de Barros, quando sem querer os olhos dele esbarraram-se nos meus.
Como quem pedia desculpas, desajeitado, olhou rapidamente para o outro lado
Talvez ele também estivesse fugindo de lares como aquele, talvez ele também estivesse naufragando em  mares vazios, ou simplesmente ele não pudesse hospedar ninguém em seu coração, talvez.
Cansado, deixou nossos olhos se abraçarem por um segundo
Nessa eternidade, passaram-se oito estações
Logo aquela voz cruel veio avisar que era hora de se despedir
Despedimo-nos em silêncio e em distâncias
Apaixonei-me pelos ombros de alguém no metrô
Amei em oito estações.



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