sábado, 5 de março de 2016



Querido Vicente,

Desculpe a demora em responder. Eu não sei mesmo o que me aconteceu. Na verdade eu sei. Só não sei se quero dar nome. Existem alguns sentimentos que são. Eles não precisam de nome, ou signo, como tenho aprendido nas minhas aulas de semiótica. Nesses últimos dias, tenho respeitado muito meu silêncio. Ele diz muito sobre mim. Eu queria que você estivesse aqui para ver como meu apartamento tem ficado. Tenho um criadinho mudo que suporta muita coisa, inclusive o último desenho que fiz na grama da praça da Liberdade, eu estava pensando nos seus cabelos quando fiz. Consegue ler nas entrelinhas o que não digo? Eu queria que esse papel te levasse para dentro de mim. Podíamos observar em silêncio tudo isso aqui dentro, sabe. Eu imagino. Acho que vou fazer um desenho sobre. Eu queria saber do seu trabalho. O Augusto do setor 7 ainda te leva sanduíches naturais? Por favor, continue me descrevendo detalhes sobre seu dia, acho que isso alimenta meu mundo, isso alimenta quem sou.

Obs: Estou te escrevendo escutando 'Quando bate aquela saudade', de uma banda nova e muito boa que conheci.


Com amor,
Clara.

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