terça-feira, 8 de agosto de 2017

Part-ir



Eu amei tudo em você desde que meus olhos alcançaram os teus. Naquela noite eu era tão sua que pouco importava o passado pesado e o futuro incerto. Tratamos de viver cada fração de segundo com toda a intensidade que aquele reencontro tão sonhado merecia. E foi ali entre lágrimas, confissões, sorrisos, copos e corpos, que conseguimos admitir sem palavras que não nos pertencíamos mais. Deixamos para ser racionais no amanhã, na nossa noite só cabia desvendar os lugares que nunca tínhamos alcançado, era questão de honra e de amor. O amanhã tinha os outros, o tempo, a distância e o fato de nosso carnaval ter passado tão depressa. Eu acho que cumprimos nossa missão lindamente e profundamente. Enquanto você dormia feito criança em colo materno, eu, por dentro, vi-me petrificada e incrédula. Eu observei o seu teto e o quanto as paredes daquele quarto parecia me proteger do mundo. Eu estava nos teus braços e o que carrego hoje na mala não tem peso e perdão. Nós existimos e só. Dentro de uma noite colorimos todos aqueles anos inacabados e mal resolvidos. Naquela noite, nós chegamos e partimos.

(E está tudo bem assim também)

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