sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Quando José vai ao jardim


 
(Rosa)  - Aqui! Aqui! Estou aqui, consegue me ver? Deixa eu sussurrar em teu querer, que o escuro não é tão feio assim, quando existem dois?
 
(José) - Ainda não sei, sei que existes dentro de mim, de fato és. Ressoa como uma música, sou então teu eco? Sinto tua melodia? Deixo de ser todo eu, pra ser um pouco seu...
 
(Rosa) - Entendes que minhas flores, estão sozinhas? Que não sei seguir sem que me regues um pouco do pouco que me deu? Eu não sei ser sem ser você.
 
(José) - Te escuto melhor no silêncio, assim ouço só tua voz. Posso ser a água que precisas, mas não posso ser o eterno. Até flores florescem na falta, talvez sozinhas são mais graciosas. Entendes, agora, que só pode ser o que é flor bonita, pois és sozinha? Brilha forte, embeleza a vida! Não te preocupes, pois ainda sou tua água, e seu ainda sou! Se do pouco de tudo, digo que somos dois ou já somos um?
 
(Rosa) - Perdoe, é que teu olhar me disse que poderias ajudar-me  a ajuntar o despetalar dos meus sonhos. Perdoe, mas ei de ceder á sede que sinto. Eu esperei uma vida, por teus olhos. Você é dessa gente que faz sol.
 
(José) - Novas pétalas virão, como os novos sonhos. Deixa ir o que te atrapalha a ser nova rosa, flor. O contemplar do olho só reflete o que é luz. E luz, só és o sol. Como água sou espelho reflexo da luz maior! Já percebo que na escuridão não te vejo, e só na luz enxergo que um pouco seu eu sou.
 
(Rui Fernando e Clara Luz)

Um comentário: